O papel da mídia tradicional e das mídias sociais nas eleições presidenciais americanas de 2016.


Ontem logo cedo recebi um e-mail com a divulgação do painel de discussão: "What happened? The role of traditional and social media in the 2016 Election". Não pensei duas vezes e me inscrevi para participar. O evento foi promovido pelo Departament of Communication da University of Washington e pela Communication Leadership.

Algo bem interessante nos eventos que participei até agora na UW é que nesse tipo de painel as falas são rápidas para abrir o tempo para as perguntas e possibilitar o diálogo. No Brasil muitos eventos tentam essa dinâmica, mas, nem sempre conseguem por inúmeros motivos: palestrante que ultrapassa o tempo e por ser estrela não é interrompido, palestrante que é interrompido e mesmo assim segue adiante, evento que começa atrasado e a primeira coisa a ser cortada são as perguntas. Isso torna o evento pouco produtivo e chato, afinal o público sempre busca a interação. Por isso, #ficaadica.

Destacarei três temáticas que foram levantadas nas falas e no momento das discussões que me chamaram a atenção:

- Devemos dar suporte às mídias locais: Joanne Silberner (@jsilberner) destacou que se estamos surpresos com o resultado das eleições americanas isso acontece por dois motivos: não damos atenção às mídias locais e/ou não sabemos selecionar a informação a ser consumida na mídia. Ela citou a mídia local (Seattle Times, The Stranger, etc...) que alertou sobre a visível possibilidade de vitória de Trump e disse que temos que parar de ler apenas New York Times e Washington Post. 

Resposta do Department of Communication à menção aos bibliotecários
- Media LiteracyComo conclusão, Joanne Silberner, explicou que a questão da media literacy é fundamental, atualmente, para proporcionar que as crianças aprendam a selecionar a informação a que tem acesso nas mídias sociais e internet em geral. Nesse momento da sua fala, levantei no twitter a questão que esse é um dos papeis do bibliotecário nas bibliotecas escolares e universitárias, principalmente. A resposta foi super positiva e, inclusive, despertou o interesse do departamento de comunicação em ouvir a opinião de um bibliotecário especialista no assunto. Muito já tem se falado sobre "media literacy"nos Estados Unidos, uma busca rápida na base de dados Scopus retorna aproximadamente 1500 documentos sobre a temática.

- The buble - Monica Guzman @moniguzman) falou sobre a forma como fornecemos informação para as mídias sociais e como isso restringe ainda mais a bolha em que vivemos. Citou como exemplo as pessoas que postavam no facebook e twitter, especialmente, rejeitando comentários contrários aos seus pensamentos, por exemplo, "Se você continuar falando bem sobre Clinton e como a sua plataforma política será efetiva, pode se retirar"! Quem de nós nunca leu uma postagem parecida na sua timeline sobre os acontecimentos políticos no Brasil? Esse tipo de postagem "diz"para os provedores das mídias sociais que você só quer acessar conteúdo sobre a favor de Trump. Ou seja, você está indiretamente permitindo que o conteúdo que você acessa seja filtrado. Entretanto, muitos não percebem como isso limita o seu desenvolvimento crítico, a capacidade de empatia e análise de conjuntura.

No geral, a opinião geral é que tanto a mídia tradicional quando as mídias sociais tiveram papeis importantes nas eleições presidenciais. Chega-se a essa conclusão, tendo em vista que, por exemplo, o número de usuários do facebook hoje é 10 vezes mais do que em 2008, quando Barack Obama tornou-se o primeiro "Digital President". Em 2016, Donald Trump utilizou essas plataformas para contar suas próprias verdades e muitos eleitores acreditaram nelas. As mídias tradicionais tentaram convencer que não havia possibilidade de vitória para Trump, e o cenário apresentado no dia 9/11/2016 foi totalmente diferente.

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